Que local magnífico!
Arco natural de Albandeira
Posso começar este post lançando-te um desafio? Se tivesses de deixar a fotografia hoje, o que levavas contigo desta paixão?
Pergunta difícil? Vou partilhar a minha resposta. Talvez ajude 😉
Desde que comecei a fotografar, passei por diversos momentos, estilos, acontecimentos e pessoas.
Mas… sabes aquela voz interior que faz questão de lembrar que as coisas ainda não estão como tu queres? Todos nós a temos e a minha dizia-me que a fotografar paisagens eu me sentiria realizado como fotógrafo.
Hoje, 8 anos depois de ter comprado a minha primeira câmara, penso mais sobre os aspectos filosóficos da fotografia e a forma como esta arte impactou a minha vida. Hoje, tudo o que vejo é uma fotografia. Faça o que fizer, a fotografia está lá a trás, sempre a guiar o olho e o pensamento para a luz, a composição e o detalhe.
Respondendo à minha própria pergunta, e em jeito de reflexão pessoal, admito que se tivesse de largar a fotografia hoje, traria comigo a gratidão de todos os momentos únicos que vivi desde que me dediquei às paisagens! Essa é minha forma de estar no que à fotografia diz respeito. Admirar e agradecer!
A beleza diversificada do nosso mundo é algo que pode facilmente assoberbar qualquer pessoa: As cores do céu ao nascer o sol ou as texturas de uma rocha salientadas pela luz baixa e quente do fim de tarde são pormenores únicos. Fazem parte de um todo que, enquanto fotógrafo, tenho tido a infindável sorte de poder observar. É por isto que estou grato à fotografia, por poder ser um simples observador do espetáculo que é a vida.
Na quarta feira da semana passada, o trabalho levou-me ao Algarve durante o dia. A paixão pela fotografia fez-me ficar para lá do crepúsculo.
Pude testemunhar um espetáculo de luz e cor como nunca antes! Fui acompanhado pelo som dos pássaros, também eles gratos, livres e isentos de preocupações.
Enquanto o sol se punha e a seleção portuguesa defendia o seu título de campeã europeia de futebol (que à data que escreve é uma distante memória), eu fotografava. Desapercebido de tudo isto e com apenas um objetivo em mente: viver o momento.
O sol descia lentamente até ao horizonte. As nuvens que pintavam o seu de banco foram alterando as suas cores, ganhando aquele tom laranja e rosa, característico da hora dourada.
Imediatamente por baixo de mim, o oceano desenrolava-se nas rochas: uma eterna dança irrequieta e repetitiva. O som das ondas lutava contra o silêncio que dominava a paisagem e ambos se juntos davam a toda a cena um ar distante e calmo.
Com o ar quente do fim de tarde a bafejar-me a face, a sensação era a de que, apenas a paisagem que se perpetuava no infinito era real.
Com a grande estrela flamejante quase a baixo do horizonte, um casal de turistas juntou-se ao espetáculo. De manta estendida no chão e com uma garrafa de vinho verde para os dois, abraçaram-se e também eles desfrutaram dos últimos raios de sol. Cálculo que a gratidão por aquele momento também ali estava presente.
É por isto que fotógrafo paisagens: não apenas pela beleza mas por poder viver cada momento, cada cor, cada cheiro, cada detalhe e cada segundo.
Isaac Barradas